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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Oficina de Animação - Stop Motion

Esta aula sobre Animação pode render bons trabalhos e servir como uma introdução ao mundo do Cinema. A seguir algumas informações que podem servir de embasamento teórico e prático para que os alunos possam começar a trabalhar com a técnica do Stop Motion.

Stop Motion

Stop Motion (que poderia ser traduzido como “movimento parado”) é uma técnica que utiliza a disposição sequencial de fotografias diferentes de um mesmo objeto inanimado para simular o seu movimento. Estas fotografias são chamadas de quadros e normalmente são tiradas de um mesmo ponto, com o objeto sofrendo uma leve mudança de lugar, afinal é isso que dá a ideia de movimento.
Cientificamente falando, o Stop Motion só é compreendido como movimentação pelo fenômeno da Persistência Retiniana. Ele provoca a ilusão no cérebro humano de que algo se move continuamente quando existem mais de 12 quadros por segundo. Na verdade, o movimento desta técnica cinematográfica nada mais é que uma ilusão de ótica.
E como isso tudo começou?
A história do Stop Motion remonta aos primórdios do cinema. O mágico e ilusionista francês George Mélies viu nesta arte uma ótima possibilidade para dar sequência aos seus truques misteriosos que encantavam a todos. A partir da técnica do Stop Motion ele alcançou o ápice de sua carreira cinematográfica com o filme Viagem à Lua, de 1902. No curta, a chegada na Lua de um foguete com tripulação humana é criada a partir desta técnica.

Ao longo do século XX a técnica foi sendo desenvolvida e aprimorada por diversos diretores de cinema e durante muito tempo foi a base para efeitos especiais em filmes com robôs e monstros, pois como ainda não existia toda esta tecnologia capaz de criar qualquer coisa a partir de um computador, os cineastas recorriam à movimentação quadro a quadro.


Esta técnica foi utilizada na saga Star Wars, do diretor estadunidense George Lucas e revolucionou o cinema com suas habilidades de efeitos especiais usando o Stop Motion. Outro que chamou (e ainda chama) atenção para o uso desta técnica é o também estadunidense Tim Burton. Em 1982, Burton criou Vincent, um curta-metragem de terror para crianças todo em Stop Motion. Em 2005 o diretor repete a dose, agora em um longa, com A Noiva Cadáver.


Para começar a pôr a mão na massa é fundamental que os alunos tomem consciência de um pouco de linguagem de cinema, criem um espaço para a tomada de imagens, enfim, construam um set de filmagem para os trabalhos que vão ser realizados.

Crie seu próprio Stop Motion

Para criar seu Stop Motion você precisará, primeiramente, de duas coisas: um computador com um programa para a edição de vídeo e uma câmera fotográfica digital. Tendo isso, você precisará agora de personagens, que podem ser bonecos vendidos em lojas ou feitos com massa de modelar.
Dicas importantes
• Planeje sua filmagem – procure elaborar um roteiro, espaço de movimentação dos personagens e cenário para não ter nenhuma surpresa durante a filmagem e acabar perdendo tempo e trabalho.
• Utilize menos quadros por segundo (fps) – vídeos usam 30 fps e fazer isso em Stop Motion dará um bom trabalho. Tente usar 12 ou 15 e você em um bom número!
• Evite movimentar a câmera – quanto menos movimentar a câmera melhor será o resultado final.
• Aproveite recursos do editor – alguns efeitos de movimentação podem ser adicionados na edição, o que poupa trabalho e evita erros durante as filmagens.
• Suavidade de movimentação – para tornar mais real sua animação, suavidade nos movimentos é essencial. Isso pode ser incrementado através do efeito Blur (desfoque) do editor de vídeos.


Reserve uma aula para discutir os roteiros com os grupos e orientá-los quanto à elaboração dos storyboards. Explique que todos os diretores de cinema utilizam o storyboard como um passo importante na realização de uma produção: é como uma história em quadrinhos que orientará a realização dos quadros da animação. A elaboração do storyboard é uma etapa significativa, pois, por meio dele é possível prever os detalhes das diferentes "cenas" da animação e de que modo se pretende apresentar os personagens em cada uma delas. Por exemplo, uma cena pode ser mostrada por diferentes pontos de vista ao que se denomina enquadramento. Se a cena for mostrada de cima para baixo (câmara elevada), poderemos enfatizar a inferioridade de um personagem, mas, se ocorrer o contrário (câmera baixa), o efeito poderá ser o oposto. Também por meio do storyboard é possível prever os planos ou seja, de acordo como o personagem é enquadrado na cena, assumirá diferentes proporções de tamanho em relação ao quadro. Veja alguns exemplos básicos:


a) plano geral ou plano de conjunto (long shot), que mostra todos os elementos da cena.



b) plano americano, que mostra os personagens dos joelhos para cima. Também conhecido como plano médio (mid shot), pode ser fechado (do colo até a cabeça) ou aberto (dos joelhos até a cabeça).



c) primeiro plano (close-up), que mostra só as cabeças das pessoas. Nesse caso são enfatizadas as emoções dos personagens



d) plano de detalhe, quando apresenta-se apenas uma pequena parte do personagem como um olho, a boca, as unhas...

O storyboard pode ser feito em pequenos quadrinhos à lápis ou à tinta (caneta esferográfica, caneta hidrocor, enfim, o material com que os alunos melhor se adaptarem) e depois poderão ser todos fixados em uma folha maior, assim o grupo poderá discutir as soluções, alterar as sequências, sempre buscando o aperfeiçoamento dos resultados. Lembre sempre aos alunos que cada um desses trabalhos é um documento do processo e deve ser guardado com cuidado, pois eles orientam a realização final. Quanto mais solucionada estiver cada uma das etapas, melhor será a realização do trabalho. Um roteiro bem solucionado auxiliará na realização de um storyboard bem detalhado, o que por sua vez favorecerá a produção das imagens que posteriormente serão levadas para a edição.


Aí é só marcar as filmagens para a próxima aula. lembrando que é um ótimo momento para trabalhar a questão da disciplina de trabalho, pois mesmo que seja apenas uma experiência audiovisual, esta atividade requer muita paciência por parte dos alunos. De resto é soltar a imaginação e deixar que novas ideias surjam ao longo do processo.
Abaixo segue um resultado que alcancei junto com os alunos do Objetivo de São Miguel Arcanjo.




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