Espaço dedicado para debater, refletir, fomentar e democratizar conhecimento sobre Arte-Educação.

Teoria e Prática

GLOSSÁRIO
ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Abstracionismo
Criação artística sem qualquer apelo figurativo, onde as formas não procuram imitar a realidade. Mais sensível ou geométrico, ou ainda pela abstração progressiva de formas na natureza. Faz uso de manchas, cores, textura, movimento, ou elementos que chamamos abstratos como círculos, linhas, planos etc.
Alguns artistas: Piet Mondrian, Theo van Doesburg, Vassily Kandinsky.
Brasil: Tomie Ohtake, Manabu Mabe, Arcangelo Ianelli.
Action Painting
Obras abstratas, cuja tensão emocional dos gestos, cores e formas aproxima-se dos expressionistas clássicos. Pinturas feitas com signos ou gestos, sem desenhos ou esboços onde a tinta é aplicada direto na tela.
Na Action Painting, temos como conhecido representante Pollock, que gotejava a tinta sobre a tela deitada no chão, cobrindo-a totalmente e anulando a perspectiva renascentista.
Alguns artistas: Willian de Kooning, Jackson Pollock, Hans Hofmann.
Brasil: Iberê Camargo, Jorge Guinle.
Art Brut
São obras em geral produzidas por pessoas estranhas ao seu ambiente cultural e resguardadas de sua influência. Os autores têm, em sua maioria, pouca instrução ou por vários motivos desligaram-se da cultura ao seu redor. Muitos têm problemas psiquiátricos e por vezes são considerados anti-sociais ou desprovidos de cidadania.
Alguns artistas: Adolf Wölfli, Scotie Wilson, Madge Gill.
Brasil: Fernando Diniz, Artur Bispo do Rosário, José Antonio da Silva, Ranchinho.
Art Decô
Estilo com influências de Art Nouveau, Cubismo, Futurismo, Purismo, Bauhaus e das artes Asteca e Egípcia. Associa sua imagem a tudo que se define como moderno, industrial, cosmopolita e exótico. Padrões esquematizados e estilizados.
Desenvolveu-se plenamente nos anos 30 e foi um estilo que conciliou linhas retas e curvas, arte e indústria.
Alguns artistas: John Jesse, Chiparus, John Vassos, Dufrene.
Brasil: Vicente do Rego Monteiro, Antônio Gomide, algumas obras de Brecheret.
Art Nouveau
Movimento romântico, neobarroco, que afeta a Europa entre 1890 e 1910. Decorativo, com relevos ornamentais de flores ou geométricos, formas tridimensionais, delicadas, sinuosas, ondulantes e assimétricas.
Recebe diferentes nomes:
França: Style Nouille – estilo macarrônico
Bélgica: Style Coup de Fouet – estilo golpe de chicote
Inglaterra: Modern Style – estilo moderno
Alemanha: Jugendstil – estilo juventude
Itália: Style Liberty – estilo livre
Espanha: Modernismo
Brasil: Nos primeiros anos da República chama-se Arte Floreal e como na Europa, abrangeu todos os campos da visualidade bi/tridimensional, como a arquitetura, o urbanismo, a produção gráfica e a publicidade (cartaz e design).
Alguns artistas: Antoni Gaudi, Victor Horta, Hector Guimard, Mackintosh, Mucha.
Brasil: Victor Dubugras.
Arte Conceitual
Idéia como arte. Arte conceitual é arte sobre a arte, comenta-se a si mesma.
Não há mais a preocupação com o objeto ou com a matéria e sim com a idéia, com o processo, a situação. Elimina a matéria, o artesanal, a estrutura representativa. Exige uma maior participação mental do expectador para fruir a obra. “O artista não luta mais com a matéria, mas com a idéia. Não faz mais obras, propõe idéias para fazer obras”: palavras de Abraham Moles.
Alguns artistas: Joseph Kosuth, Arakawa, Bernard Venet, Daniel Buren.
Brasil: Antonio Dias, Cildo Meireles, Waltércio Caldas, Barrio, Guto Lacaz.
Arte Concreta
Arte mais intelectual, sem subjetividade. Rejeita simbolismos, dizendo que os elementos pictóricos não significam nada além deles mesmos. Uso de leis matemáticas e óticas, enfatizando a idéia de estrutura.
Alguns artistas: Camile Graeser, Joseph Albers, Moholy-Nagy.
Brasil: Ivan Serpa, Waldemar Cordeiro, Franz Weissmann, Luís Sacilloto.
Arte Postal
Chamada de Mail Art internacionalmente utiliza o correio como forma de veiculação de suas propostas. A arte postal serviu para aumentar a circulação de obras de arte em todo o mundo, permitindo que artistas que viviam em pequenas cidades, participem das mostras nacionais e internacionais.
Alguns artistas: não há uma referência, pois a própria forma de veiculação das obras permite que qualquer pessoa possa participar.
Arte Povera
Arte Povera (Arte Pobre) foi um movimento artístico italiano que se desenvolveu na segunda metade da década de 60.
Tem ligações com a Arte Conceitual não só pelo emprego de materiais precários, naturais ou industriais, mas também por seu caráter de criação mental.
Artistas: Michelangelo Pistoletto, Mário Merz, Eva Hesse.
Brasil: Artur Barrio, Hélio Oiticica.
Bauhaus
Fundada pelo arquiteto Walter Groupius a escola foi inaugurada em 1919 na Alemanha, criada a partir da fusão da Academia de Belas Artes e da Escola de Artes Aplicadas de Weimar. Aqui encontramos uma tentativa de fusão entre arte e artesanato sempre em conjunto com design e arquitetura. Dava atenção às características específicas dos diferentes materiais: a madeira, o vidro, os metais etc. Trabalhava a idéia de que a forma artística deriva de um método, ou problema, levando assim correspondência entre a forma e função. Utilizava como recurso às novas tecnologias. Foram desenvolvidos na Bauhaus muitos objetos, como os de mobiliário, tapeçaria, luminárias etc. - que seriam produzidos em larga escala. Em 1932, ela é oficialmente fechada e, após uma tentativa frustrada de recomposição em Berlim, encerra suas atividades, por determinação dos nazistas, em 1933. Em 1937 foi criada a New Bauhaus em Chicago e em 1955 novamente da Alemanha a Escola Superior da Forma.
Alguns artistas: Theo van Doesburg, Vassily Kandinsky, Paul Klee, Joseph Albers, J. Itten, Mies van der Rohe, entre outros.
Brasil: alguns de seus princípios vão influenciar o concretismo.
Body Arte
Forma de arte que usa o corpo como expressão, usando sua materialidade, sangue, esperma, a química e a física do corpo. Pode ser performática ou teatral. Vai de sodomização, masturbação, ferimentos e queimaduras a práticas comuns a diversas culturas como escarificações, tatuagens, maquilagens, travestimentos e etc. Registrando tais atitudes através dos diversos meios de comunicação e reprodução.
Artistas: Dennis Oppenheim, Bruce Nauman, Hermann Nitsch.
Brasil: Lygia Clark, Hudinilson Jr., Lygia Pape.
Concretismo
Deriva do movimento abstracionista moderno, em especial do grupo De Stijl, de Mondrian e Doesburg, entre outros. Seus princípios afastam conotações líricas ou simbólicas, os elementos plásticos – planos e cores – só significam eles mesmos. Também faz uso de elementos matemáticos, pesquisas sobre percepção visual, como a Gestalt e a defesa da integração da arte na sociedade, com a participação do artista em vários setores. No Brasil, em 1952, com exposição do Grupo Ruptura marca-se o início oficial do concretismo em São Paulo, aqui eram feitas pesquisas geométricas, e aproximava-se trabalho artístico e produção industrial. No Rio teremos o Grupo Frente, e seus participantes vão pregar a experimentação de todas as linguagens, ainda que no âmbito não-figurativo geométrico, propondo uma articulação entre arte e vida, as divergências entre os grupos vão aumentando até que em 1959 temos a ruptura e o começo do movimento Neoconcreto no Rio de Janeiro.
São Paulo: Anatol Wladyslaw, Lothar Charoux, Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto, Waldemar Cordeiro.
Rio de Janeiro: Décio Vieira, Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape, Hélio Oiticica, Franz Weissmann.
Construtivismo
Abstrato. Influenciada pela ciência e pela máquina, pelos objetos produzidos em massa, explorando a geometria e relações óticas. Procura pela dinamização da cor. Fundamentada em dois elementos essenciais: o espaço (parte integrante da obra) e o tempo e seus ritmos (estáticos, cinéticos e dinâmicos).
Uso de materiais diversos, principalmente industriais. Arte com preocupações principalmente estéticas.
Alguns artistas: Pevsner e Naum Gabo.
Cubismo
Reação contra a pintura ilusionista e o desejo de criar uma arte concebida pela inteligência, reduzida a formas simples, fragmentada, despojando os objetos de sua realidade temporária (perspectiva, claro-escuro) e a adoção da simultaneidade de pontos de observação de um mesmo objeto no plano.
Primeira fase vai reduzir a natureza a formas geométricas, onde encontramos Cézanne. Depois passa a fragmentar o objeto, em vários ângulos, chegando numa quase abstração, chamada Cubismo Analítico. Essa fragmentação vai levar a busca de colagens (jornais, bilhetes, rótulos) ou imitar certas matérias como trompe-l’oeil e colagem, aqui chamado Cubismo Sintético, passa da des-construção do analítico para uma re-construção. Na sua fase mais acentuada, com Picasso e Braque temos o uso de pouca cor, ido do amarelo ocre e do verde ao cinza. Influência da escultura africana.
Alguns artistas: Paul Cézanne, Pabrlo Picasso, Georges Braque, Fernand Léger, Jean Metzinger, André Lhote, Juan Gris.
Brasil: Antônio Gomide, Vicente do Rego Monteiro, alguns trabalhos de Portinari.
Dada (dadaísmo)
A primeira manifestação de anti-arte do séc. XX que reflete o sentimento da época de saturação cultural, crise moral e política. Apelo ao absurdo e ao arbitrário, contra tudo que era pomposo, convencional ou maçante na arte. Ataque ao racionalismo, vontade de escandalizar o espectador e desprezo pelos cânones acadêmicos. Nas manifestações Dada, não havia fronteiras entre poesia, teatro, artes-plásticas e música, todas acontecendo ao mesmo tempo.
Aqui surge o Ready-Made, apropriação de objetos produzidos industrialmente, transformando-os em arte.
Alguns artistas: Marcel Duchamp, Jean Arp, Tristan Tzara, Kurt Shwitters, Francis Picabia, Man Ray.
Expressionismo
Manifestação de crise que se dá entre dois pólos: subjetividade doentia, e participação social que gera realismo crítico. O expressionismo trata de temas como problemas religiosos, sexuais, políticos, sociais, morais, de sensibilidade doentia ou mórbida. Temas dramáticos e obsessivos, o conflito e a angústia existencial, marcados pela cor exacerbada e pela deformação da figura.
É antecipado no séc. XIX por Van Gogh, Ensor e Munch e depois pelos grupos Die Brücke, “A Ponte” e Der Blaue Reiter, “O Cavaleiro Azul”.
Alguns artistas: Oscar Kokoschka, Ernest Ludwig Kirchner, Emil Nolde, Egon Schiele, Orozco e Siqueiros.
Brasil: Lasar Segall, Anita Malfatti, Candido Portinari, Oswaldo Goeldi.
Expressionismo Abstrato
É a antecipação norte-americana do Informalismo europeu. Valendo-se apenas de signos ou gestos abstratos, o artista mantém em seus trabalhos a mesma tensão emocional dos expressionistas. A expressão foi cunhada pelo crítico Clement Greemberg. Um dos desdobramentos deste movimento, foi a Action Painting cuja figura central é Jackson Pollock.
Alguns artistas: Willian de Kooning, Franz Kline, Clyfford Still, Pollock, R. Motherwell, Hans Hoffman e Mark Tobey.
Brasil: Iberê Camargo.
Fovismo
É a exaltação da cor pura, forte. Vai trabalhar com algo de instintivo, primitivo e selvagem. Utiliza a deformação em busca de novas harmonias, buscando o modo expressivo das cores e das sensações que estas passam.
Alguns artistas: Maurice de Vlaminck, André Derain, Henri Matisse, Franz Marc.
Brasil: Kaminagai, Inimá de Paula.
Futurismo
Movimento surgido na Itália com Marinetti elaborando o manifesto (1909). Amor à era moderna, a máquina, a cidade, a guerra. Introdução do elemento dinâmico na composição Cubista, esse dinamismo, presente em nosso olhar, vai fazer com que tratem o objeto além de seus contornos aparentes trabalhando seus aspectos interpenetrados. Ênfase maior no processo, destruição cubista dos métodos convencionais de representação, sem relação com objetos do mundo visível. Tentativa de captar o movimento.
Alguns artistas: Carlo Carrà, Luigi Russolo, Gino Severini, Umberto Boccioni, Giácomo Balla.
Graffiti
É definido por Norman Mailler como “rebelião tribal contra a opressora civilização industrial” e por outros como “violação, anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples”. O Graffiti saiu dos guetos e metrô, para as ruas e depois para as galerias.
O Graffiti atualmente tem certa absorção no sistema e nas galerias de arte, porém antes de chegar nestas o Graffiti era Spray Art: pichação de signos, palavras ou frases de humor e em seguida Stencil Art: cartão com formas recortadas que ao receber o jato de spray deixa passar a tinta pelos orifícios determinados. A primeira valoriza o desenho, a segunda a cor.
Artistas: Keith Haring, Jean-Michel Basquiat.
Brasil: Alex Vallauri, Artur Matuck, Os Gêmeos.
Fonte: MORAIS, Frederico. Panorama das Artes Plásticas. Séculos XIX e XX. Instituto Cultural Itaú, SP, 1989. (livro esgotado)

Happening
Arte Plástica, mas de natureza não só pictórica, mas também cinematográfica, poética, teatral, alucinatória, social-dramática, musical, política.... Se dirigindo não só aos olhos do expectador, mas a todos seus sentidos. Aqui a participação do público é fundamental. Não apenas o espectador como os próprios objetos utilizados em cada acontecimento são protagonistas.
Artistas: Marta Minujin, Kudo, Oldemburg e Red Grooms.
Brasil: Flávio de Carvalho, Wesley Duke Lee, Nelson Leirner, José Aguilar, Ivald Granato.
Hiper-Realismo
Realismo acentuado, onde o tema não é a vida, mas a fotografia que fuzila a vida em pleno vôo. É como uma paralisia do olhar, as esculturas lembram figuras de Museu de Cera ou animais empalhados, a pintura é fotográfica, momentos capturados que mostram toda sua familiaridade e estranheza.
Alguns artistas: Richard Estes, Chuck Close, Lowell Nesbit, Waldo Bravo.
Brasil: Glauco Rodrigues, Gregório Gruber, Armando Sendin.
Impressionismo
Movimento que procura captar o momento efêmero, o fugaz de vida ao ar livre, o instante. Expressam o movimento das águas, os reflexos da luz, a dissolução das imagens, a fumaça de um trem chegando, o nevoeiro, trata-se de pintar o instante.
Liberada a cor e a pincelada, iniciando a luta contra a figura, e com a sucessão de ismos encaminha a pintura para o abstrato. A tela de Monet “Impression, soleil levant” de 1874, dá nome ao movimento.
Alguns artistas: Edgar Degas, Edouard Manet, Claude Monet, Auguste Renoir, Toulouse Lautrec.
Brasil: Georgina Albuquerque, Eliseu Visconti.
Informalismo
Pode-se falar de um tipo de pintura gestual, levando a tela o gesto direto sem esboços, pintura sígnica, ideogramática ou caligráfica, com uso de signos e letras, pintura matérica, que busca a expressividade da matéria e texturas, polimatérica, com emprego de materiais diversos ou mesmo objets-trouvés, objetos achados.
Artistas: Antoni Tàpies, Pierre Soulages, Hans Hartung.
Brasil: Flávio-Shiró, Yolanda Mohalyi, Manabu Mabe, Tikashi Fukushima.
Minimal Art
Manifestada especialmente no campo da escultura, tendo como característica principal sua fisicalidade. São no geral enormes, com matéria-prima industrial, superfícies polidas, lisas, brilhantes, sem efeitos de matéria ou texturas nem referências líricas ou ideológicas. A Minimal Art manifestou-se em diversas exposições nos Estados Unidos entre 1965-68, recebendo diferentes denominações.
Artistas: Ellsworth Kelly, Donald Judd, Robert Morris, Sol Lewitt, Richard Serra.
Brasil: Amílcar de Castro, Carlos Fajardo, Eduardo Sued.
Neoplasticismo
Seu criador foi Piet Mondrian, seu quadro pintura nº1 (1921) vai definir essa nova plástica com vocabulário restrito a verticais e horizontais e cores puras (vermelho, azul, amarelo). O ângulo reto é símbolo do movimento, sendo aplicado também na arquitetura, escultura e design. Aqui a composição é realizada por linha, espaço e cor, buscando sempre a harmonia.
A estética deriva do desenvolvimento do Cubismo e consiste no uso exclusivo do ângulo reto em posição horizontal ou vertical e das três cores primárias, às quais se juntam o branco, o negro e o cinza.
Alguns artistas: Piet Mondrian, Vantongerloo, Huszar.
Novo Realismo
O real percebido em si e não através do prisma de uma emoção. Seu meio de expressão fundamental é a Assemblage, que vai de colagens a instalações, décor ou happening. Uma de suas tendências é também a dos descolagistas que dilaceram cartazes de rua, aplicando seus resíduos na criação de quadros.
Alguns artistas:Jean Tinguely, Yves Klein, Niki de Saint-Phale.
Op-Art
Arte mais de visualização do que de expressão, onde a composição apesar de ser construída com rigor se modifica a cada instante, com configurações diversas. Por esse motivo é também uma obra aberta, modificando-se de acordo com seus elementos ou com o expectador.
Alguns artistas: Victor Vasarely, Bridget Riley.
Brasil: Ivan Serpa, Lothar Charoux, Israel Pedrosa.
Orfismo
Uma tentativa de fusão do Cubismo, seu lado estrutural, e do Fovismo, uso da cor. Arte não objetiva, com contrastes de cores e harmonias, sendo a cor por si só forma e motivo. Orfismo na Grécia significava culto a Dionísio, que foi instituído por Orfeu.
Alguns artistas: Robert e Sonia Delaunay, Staton MacDonald Wright, Morgan Russel.
Pintura Metafísica
Reação ao dinamismo Futurista. Nostalgia pelo antigo, exalta os sonhos e busca o silêncio e o enigma das horas e das sombras. Não interessada em sonhos, mas nas associações que nascem das observações cotidianas. Construções sólidas, claramente definidas, cada objeto como parte de uma experiência imaginativa e enigmática. Antecipa certos aspectos do Dada, apropriação insólita de objetos díspares, e do Surrealismo, pelo seu clima onírico. De Chirico revela a nostalgia do antigo, exalta o sonho, valoriza o silêncio e o enigma das horas, descortina o mistério das aparições.
Alguns artistas: Giorgio Morandi, Carlo Carrà, Giorgio De Chirico.
Brasil: Milton Dacosta, Ismael Nery.
Pop Art
Expressão estética da sociedade de consumo e da cultura de massa. Torna elegante o ordinário e o vulgar. Temas recolhidos no meio urbano: publicidade, quadrinhos, tv, cinema, atrizes, políticos, ídolos de massa... Considerada por alguns críticos com um tipo de arte fria, impessoal e anti-sensitiva e por outros de um caráter crítico ou bem humorado.
Alguns artistas: Andy Warhol, David Hockney, Jasper Johns, Roy Lichtenstein.
Brasil: Cláudio Tozzi, Wesley Duke Lee, Rubens Gerchmam, Marcelo Nitsche: – ( todos participaram do movimento Pop na década de 1960 no Brasil).
Realismo Socialista
O Realismo Socialista pede ao artista uma representação de realidade “verdadeira” e históricamente concreta, em seu desenvolvimento revolucionário. Obras que aspiram realizar um retrato positivo da realidade e expressar a nova era da construção socialista, enfatizando o potencial tecnológico soviético.
Alguns artistas: Deineka, Pimenov, Shterenberg, Vialov.
Brasil: Carlos Scliar, Renina Katz, Mário Gruber, Abelardo da Hora – ( no início de suas carreiras, fizeram trabalhos influenciados por esse movimento).
Simbolismo
Rejeita as concepções realistas da arte e da obrigação de registrar o mundo concreto, vai para o mundo subjetivo, imaginação, fantasia, externa os sentimentos. Busca da beleza ideal e intocada, contra o materialismo extremado, identificam-se com a natureza e a religião (Ocultismo, Espiritismo, Rosa Cruz), temas bíblicos, literários, mitológicos, mulher. Composição organizada de forma linear, em primeiro plano.
Alguns artistas: Gustav Klimt, Puvis de Chavannes, Odilon Redon.
Brasil: Eliseu Visconti, Carlos Oswald, Lucílio de Albuquerque, Helius Seelinger.
Site specific (Sítio Específico)
O termo sítio específico faz menção a obras criadas de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. Trata-se, em geral, de trabalhos planejados - muitas vezes fruto de convites - em local certo, em que os elementos esculturais dialogam com o meio circundante, para o qual a obra é elaborada. Nesse sentido, a noção de site specific liga-se à idéia de arte ambiente, que sinaliza uma tendência da produção contemporânea de se voltar para o espaço - incorporando-o à obra e/ou transformando-o -, seja ele o espaço da galeria, o ambiente natural ou áreas urbanas. Relaciona-se de perto à chamada land art [arte da terra], que inaugura uma relação com o ambiente natural. Não mais paisagem a ser representada, nem manancial de forças passível de expressão plástica, a natureza é o locus onde a arte se enraíza. O espaço físico - deserto, lago, canyon, planície e planalto - apresenta-se como campo em que artistas realizam intervenções precisas, por exemplo em Double Negative [Duplo Negativo], de 1969, em que Michael Heizer (1944) abre grandes fendas no topo de duas mesetas do deserto de Nevada, ou em Spiral Jetty [Píer ou Cais Espiral], que Robert Smithson (1938 - 1973) constrói sobre o Great Salt Lake, em Utah, Estados Unidos, em 1971.
No Brasil, seria possível aproximar da ideia de trabalhos site specific algumas experiências artísticas realizadas sobre o ambiente natural, como por exemplo as que têm lugar do Projeto Fronteiras, desenvolvido pelo Itaú Cultural em 1999, quando nove artistas - Angelo Venosa (1954), Artur Barrio (1945), Carlos Fajardo (1941), Carmela Gross (1946), Eliane Prolik (1960), José Resende (1945), Nelson Felix (1954), Nuno Ramos (1960) e Waltercio Caldas (1946) - realizam intervenções em diferentes lugares das fronteiras do Brasil com países do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Algumas experiências urbanas de Antonio Lizarraga (1924) e de Gerty Saruê (1930) nos anos 1970, cujo primeiro resultado é Alternativa Urbana - dá origem, entre outros, à intervenção artística na rua Gaspar Lourenço, Vila Mariana, São Paulo - guardam alguma proximidade com a ideia de trabalho e intervenção em contextos específicos. O Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude, no Rio de Janeiro, circuito ao ar livre criado em 1999, conta com obras contemporâneas pensadas precisamente para o local, como as de Lygia Pape (1927 - 2004), Iole de Freitas (1945), Nuno Ramos e José Resende. Fonte: Itaucultural.
Suprematismo
Assimila os estilos cubistas e fovista numa pintura abstrata. Defende a supremacia da sensibilidade sobre o próprio objeto. O essencial é a sensibilidade livre das impurezas que envolvem a representação do objeto e da própria percepção do objeto. Objetividade aqui sem valor, busca do sentimento puro utilizado como elemento determinante.
Elementos de sua estética são o retângulo, círculo, quadrado, triângulo e a cruz.
Alguns artistas: Kasimir Malevitch, Marcel Brion.
Surrealismo
Sonhos e fantasia, mundo do irracional, os surrealistas buscavam estimular a mente subconsciente para que esta liberasse suas imagens fantásticas. Ausência do controle racional, valorizando o onírico. Aproxima-se ora de Freud, resolução de conflitos psicológicos, e hora de Marx, voltada para o social e o político.
O Surrealismo leva ao exame manifestações artísticas de doentes mentais, dos “primitivos”, das crianças ou da chamada “Art Brut”.
Artistas: André Breton, Max Ernst, Yves Tanguy, Magritte, Joan Miró, Salvador Dali, Chagal, Paul Delvaux.
Brasil: Ismael Nery, Flávio de Carvalho, Maria Martins, Walter Lewy.
Tachismo - Tache = mancha.
Aqui a pintura se liberta dos últimos cânones da beleza para redescobrir o nada dos limites da liberdade. Na ordem estética a improvisação rege quase totalmente o ato criador sem premeditação e referência a módulos.
Artistas: Mathieu, Schneider, Riopelle, Soulages, Hartung.
Brasil: Manabu Mabe, Tikashi Fukushima.

Fonte: MORAIS, Frederico. Panorama das Artes Plásticas. Séculos XIX e XX. Instituto Cultural Itaú, SP, 1989. (livro esgotado)


A FOTOGRAFIA COMO LINGUAGEM ARTÍSTICA
(texto retirado do projeto de pesquisa realizado coletivamente no curso que fiz de Licenciatura em Artes, o objeto de nossa pesquisa foi a obra do fotógrafo Cristiano Mascaro)

A fotografia é linguagem visual por excelência, porque é produzida a partir do olhar e apreciada pelo olhar, se expressando basicamente através da cor e da forma. É uma criação produzida pela sensibilidade e técnica do artista.

A linguagem visual fotográfica, aliada à sensibilidade, à percepção artística do fotógrafo, se compõe da combinação técnica dos seus elementos imprescindíveis: plano, foco, ângulo, forma, iluminação, cor, textura, contraste, ritmo, equilíbrio, movimento e relação espacial imagem/intérprete.

De forte abrangência e impacto, esta linguagem visual é bidimensional, embora os sofisticados recursos tecnológicos atuais permitam ultrapassar o seu bidimensionalíssimo, expandindo-a no tridimensional.

Sendo visual, é uma linguagem apreciada pelo olhar, partilhada entre o olhar do artista-fotógrafo e o olhar do apreciador ou do público-alvo. 

A linguagem visual fotográfica é amplamente utilizada para se comunicar, desde a expressão artística, expressando a intenção, a impressão, a sensibilidade, o olhar do fotógrafo até a comunicação direcionada para diversos fins e interesses. Sem uma palavra, uma simples imagem pode nos transmitir desde a mensagem principal até variadas interpretações de acordo com o contexto cultural, religioso, político, econômico e social. 

No vasto universo das artes visuais, a fotografia, como expressão de arte e comunicação, através de sua linguagem visual, não verbal e bidimensional, se consolidou universalmente, se inserindo em todas as culturas e manifestando múltiplas mensagens no segmento artístico, desde o poético até o apelo comercial, político e ideológico do mundo.

Para a criação desta linguagem visual, na fotografia, os procedimentos técnicos devem ser tomados previamente quanto ao local, ao objeto, ao enquadramento e a combinação dos elementos de composição da linguagem fotográfica, porém, “[...]sem precisarmos intervir nos acontecimentos ou sermos denunciados” .“[...] Sem movimento, som, cheiro e muitas vezes nem cor”, (Mascaro, 1989, p. 37), diante do olhar da câmera, à frente do olhar do fotógrafo, após o clique, a fotografia estará consumada, não sendo mais possível nenhuma intervenção. 

Diante das inovações tecnológicas, a utilização de artefatos digitais e informáticos, que incluem câmeras fotográficas digitais, estão se tornando amplamente acessíveis, permitindo a todos a produção ilimitada de imagens. Porém, para ser explorada como fotografia e criação artística, como bem lembrou Mascaro numa entrevista, deverá apresentar qualidade, sendo imprescindível saber ver, e a imagem será resultado desse olhar.

É assim que, com sua genialidade, Mascaro consegue: 

"com sua poética linguagem fotográfica, interpretar a subjetividade da maior cidade da América Latina, registrando a transformação das relações entre a cidade e seus habitantes, e destes com a urbe." (Da Silva, 2009, p. 122).

O que é magnífico na arte fotográfica de Mascaro é a fusão de duas linguagens visuais numa só, a arquitetura urbana estampada pela fotografia.


Estética, experiência estética, juízos estéticos.

Para refletirmos sobre esses assuntos enfrentaremos alguns questionamentos:
o que é arte, o que é objeto artístico ou objeto estético, o que é
experiência estética, quais as relações da arte com a evolução humana,
dentre muitos outros aspectos. Esses questionamentos, conceitos e problemas,
tão variados, podem parecer conhecimentos inacessíveis, porém
o que acontece é que adentramos no campo da estética, que é a disciplina
filosófica que se ocupa dos problemas e teorias acerca da arte. A estética
é a filosofia da arte, ou seja, é uma disciplina que visa ampliar a compreensão
das condições e efeitos da criação artística.
Pareyson (1997, p.3) nos coloca que: “a reflexão filosófica é puramente
especulativa e não normativa, isto é, dirige-se a definir conceitos e não
estabelecer normas.” Dessa forma, a estética não pretende estabelecer o
que é arte, mas refletir sobre toda teoria que se refira à arte.
Sendo assim, a estética se refere aos problemas e argumentos acerca do
objeto artístico ou objeto estético , que é o objeto que provoca no espectador
uma experiência estética.
Mas, então, o que é uma experiência estética?
A experiência estética “é uma forma de conhecimento que se faz através
dos sentidos, mas opera antes de atingir o nível da razão” (COSTELLA,
1997, p.80). Se tomarmos o significado da palavra “experiência” como
a prática da vida, o uso, a prova, verificaremos que toda experiência é o
fruto de uma integração de um ser vivo com o mundo em que vive sob
algum aspecto. A vida em si é uma constante experiência, como nos diz
Dewey (1974, p.247) “a interação da criatura viva com as condições que
a rodeiam está implicada no próprio processo da vida”.
Como já dissemos anteriormente, se “estética” é a filosofia da arte, a
experiência estética é o conhecimento resultante da apreciação de um
objeto estético. Essa apreciação ou percepção é quando vamos além do
simples reconhecimento do objeto, é quando diante dele temos uma comoção
interior.
Pareyson (1997, p.05) nos diz que na experiência estética entra toda experiência
que tem a ver com o belo e com a arte: a experiência do artista, do
leitor, do crítico, do historiador, do técnico de arte e daquele que desfruta
de qualquer beleza. Nela, entra, em suma, a contemplação da beleza, quer
seja artística, quer natural ou intelectual.
A partir de uma experiência estética, todos somos capazes de emitir aquilo
que chamamos de juízos estéticos, isto é, juízos acerca dessa contemplação
e que exprimem a experiência estética. Read (1978) nos diz que
o sentimento estético independe do nível de desenvolvimento intelectual,
sendo inerente à maioria dos homens.

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